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Nascimento da Lis

Foto do escritor: Rosana SeagerRosana Seager

Atualizado: 18 de jan. de 2022



Lis nasceu no dia 16/02 às 14:44 num parto domiciliar planejado.

Foi um parto à jato!

Eu já vinha tendo pródromos há 2 semanas, mas contrações esparçadas, sem ritmo, sem intensidade, bem gostosas diga-se de passagem.

Na sexta de noite tive uma crise de choro, de medo de não dar conta, medo da amamentação, medos, medos, medos.

Foi um choro forte. Senti como um desbloqueio, como um fechamento de um ciclo para começo de um novo.


No sábado saí com Clara e Cauê de manhã para uma atividade da família e lá senti umas 2-3 contrações com um pouco mais de intensidade, mas daquelas que ainda dá para disfarçar.


Voltamos com meus sogros para casa e no caminho para casa senti umas 3-4 contrações que já me requeriam fechar os olhos e respirar. Mas logo em seguida paravam.

Almoçamos na casa dos meus sogros e durante o almoço precisei parar umas 3x para me agachar e respirar, com contrações querendo ritmar e intensificar, mas ainda suuuuper tranquilas.

Comecei a perceber que talvez o trabalho de parto começasse ao longo do dia e resolvemos avisa a nossa doula. Organizamos da Clara dormir lá mesmo e nos despedimos.

Assim que me despedi da Clara tive uma contração bem forte, por estar na frente dela consegui só respirar.

No elevador já comecei a vocalizar.

No carro já estava de joelhos e virada para o banco do carro urrando e sentindo algo sair que podia ser tampão ou bolsa.. não sabia o que.

Cauê falou com nossa parteira do carro. Isso era por volta de 13:45.

Assim que chegamos perto de casa, esperei uma contração forte passar e corri para o elevador.


Assim que cheguei em casa já tirei a roupa e fui para o banheiro.

Fiquei entre privada e chuveiro sentindo o TP avançar rápido.

Já ficava difícil de respirar e não vocalizar.

Em algum momento a Rochelle chegou. Em seguida vomitei todo meu almoço. Ficamos eu, ela e Cauê por um tempo e eu já sem arranjar posição que me aliviasse, urrando feito uma hipopótama, indo do quarto para a privada, da privada para o quarto, sentindo muita dor nos quadris, como se eu fosse quebrar ao meio. Eu estava com medo, pq já via que tinha mecônio, sentia muita dor e se eu estivesse ainda no início do TP não aguentaria.

Maíra e Mariane, minhas parteiras, chegaram e auscultaram a Lis. Estava tudo bem com ela, mas eu estava inconsolável. Lembro de fazer um auto-toque enquanto sentava na privada e sentir a cabeça dela dentro do meu canal, mas sentia como se o colo estivesse recobrindo a cabeça dela. Pedi para a Maíra tocar. Ela simplesmente falou calmamente: “não precisa, não vou fazer isso”. Isso foi o suficiente aparentemente para me acalmar.

Fui para o corredor, entre meu quarto e o da Clara e me agachei ali. Ainda fui e voltei do banheiro mais duas vezes. Lembro de pedir para deitar e deitei no chão de lado elevando minha perna.

Logo levantei e me agachei e senti uma vontade de fazer força muito forte. Fiz e somente nesse momento percebi que a cabeça dela estava coroando e somente então percebi em que estágio do parto eu estava. Coloquei a mão e senti cada parte do períneo, da vagina se expandir, para a cabeça dela nascer. Nesse momento parei de gritar e como se me forçasse a focar, falei mentalmente para mim mesma: respira, Rosana.

Fui respirando e ela escorregou a cabeça para fora. Fiquei na posição de semi-cócoras acariciando sua cabeça. Todos em volta em silêncio contemplado aquela imagem. Cauê super emocionado na minha frente.

Eu fui falando com ela, acariciando sua cabeça. Pedi ajuda para a Maíra, com medo de não conseguir segurar. Sentia a Lis se empurrando dentro de mim antes da contração voltar. Assim que veio a contração eu consegui ajudá-la a sair. Junto da Maíra desfizemos uma circular de cordão e peguei minha filha, recém-nascida nos meus braços, lhe dando as boas-vindas no meu peito.

Fiquei ali admirando aquela pequena, toda aninhada no meu colo. Falando com calma e acolhimento como ela era bem-vinda.

Fiquei meio nas nuvens. Lembro de ver a Priscila chegando. Prepararam minha cama para eu ficar mais confortável e lembro simplesmente da Maíra falar: “segura somente a sua filha e a gente te levanta”. Fui gentilmente literalmente alçada e levada até o conforto da minha cama e ali esperamos com toda a tranquilidade do mundo a minha placenta resolver nascer.

Por um tempo era um silêncio de contemplação de todos no quarto, uma presença tranquila, que conforta, pois sabia que estávamos totalmente em excelentes mãos e olhares a nos cuidarem.

Eu simplesmente não conseguia acreditar que tudo havia acontecido de tal forma, em menos de 1h.



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